Uma leitora me sugeriu essa pauta e achei incrível o tema. Hoje vou fazer um relato de como foi a minha primeira noite como Mãe ainda no hospital.
Quando um bebê nasce, o instinto materno nasce junto. Senti isso assim que ouvi o choro da Julia pela primeira vez, e quando fui para o quarto e tivemos nosso primeiro contato, senti aflorar ainda mais. Como contei pra vocês no post que fiz sobre Amamentação (veja AQUI), a Julia pegou meu peito na primeira tentativa de amamentar. Enquanto tinha acompanhante comigo, ainda não tinha me ligado 100% que eu ia ter que me virar sozinha, mas estava ansiosa para tentar.
Acabou o horário de visitas, chegou a hora de jantar, e então me vi sozinha no quarto com a minha pequena. Enquanto jantava não parava de olhar pra ela, tão perfeita. Logo depois que acabei de jantar ela ainda dormia e precisava ir ao banheiro, foi aí que senti pela primeira vez o medo de deixar a minha filha sozinha longe de mim. E se alguém entrasse no quarto e pegasse ela? E se ela chorasse enquanto eu estava lá na privada? Decidi ir e deixar a porta aberta, mas e se alguém entrasse? Juro gente, cabeça de Mãe recente fica meio pirada. Pois bem, direcionei ela de forma que enxergasse pelo vão que deixei na porta e corri fazer xixi e escovar os dentes. Deu tudo certo.
Depois de um tempinho ela acordou. Que delícia era ver minha princesa acordada, mas ela estava com fome, então sentei na poltrona e comecei a amamentar. Lembro que era umas 21h. Pois bem, ficamos ali. Só que de repente ela começou a chorar, e eu não fazia a menor ideia do por quê. Olhei a fralda, vi se estava com calor, tentei o outro peito, ninei, cantei… nada. Chamei a enfermeira, pois já não sabia mais o que fazer e ela veio e pediu que eu amamentasse para ver a pega, que estava correta. Ela me disse que bebês são assim mesmo e que choram. Ok. E assim foi, entre choros e mamadas. Senti que ela se contorcia, parecia cólica, mas como se ela nunca tinha feito cocô? (talvez por isso).
Sei que estava ficando exausta pois foi um dia muito intenso e já não tinha dormido direito na noite anterior pois estava ansiosa com o parto. As enfermeiras vinham perguntar se estava tudo bem, pois os gritos da Julia ecoavam pelo corredor da maternidade. E eu me vi em meu primeiro momento em que chorei pois não sabia o que fazer. Pensei que ela poderia estar com fome, pois não devia estar sugando direito, pedi um copinho pra tentar ordenhar, mas a enfermeira disse que não era fome, que ela estava mamando certo. Só sei que quando era 4hs da manhã, veio uma enfermeira no quarto (acho que incomodada de tanto choro) e me disse que iria me ajudar, ia levar a Julia para o berçário, ao lado do meu quarto para fazer ela dormir e era pra eu tentar descansar. Nesse momento eu estava tão exausta que nem raciocinei, deixei ela levar a Julia. Era um hospital, o berçário é seguro, e ela me disse que hora que eu quisesse poderia ir buscá-la.
Nem me lembro de como dormi, só sei que hora que acordei eram 7hs, senti uma culpa enorme por ter abandonado minha filha, deixado ela lá sozinha no berçário com uma estranha. Corri lá buscar ela e quando cheguei encontrei ela enrolada num charutinho, linda, dormindo como uma princesa. A enfermeira me disse que ela dormiu o tempo todo. Mas como? O que ela tinha feito que eu não poderia fazer? Perguntei pra ela e ela disse que era “jeito”. Fiquei encabulada.
Logo a Julia acordou, e então ela golfou um pouco, leite branco. Como ela podia golfar leite branco se meu colostro era transparente? Se ela nem tinha mamado direito? E foi aí que eu entendi o que ela fez, ela deu LA para a Julia, encheu a barriguinha dela e ela dormiu. Me senti arrasada, a pior Mãe da face da terra. Ao invés de enfrentar o choro e cuidar da minha filha, deixei ela ser levada e cuidada por uma pessoa que fez ela se acalmar e alimentou ela com um leite que não era o meu, e o pior, eu não poderia reclamar, pois aceitei que ela “fizesse a Julia dormir”.
A Julia fez cocô umas horas depois e teve cólica o resto do dia, como na noite anterior. Teve cólica por meses. Creio que ela era pré disposta a ter, pois até hoje ainda tem algumas vezes. Isso é normal em bebês, mas até hoje, me culpo por não ter sabido lidar com ela e ter acontecido isso. Me deixei levar pelo cansaço, mas aprendi que da próxima vez, se acontecer, quem cuidará do meu filho sou eu. Depois de um tempo pesquisei sobre o assunto e vi que é “procedimento padrão” prescrito pelo pediatra oferecer LA ao bebê caso necessite ou esteja com hipoglicemia. Infelizmente é uma realidade.
Deixo aqui então meu relato de primeira noite como Mãe e digo que não foi nada fácil, mas foi apenas a primeira de muitas que vieram depois. Ser Mãe é padecer no paraíso.